"Acessibilidade e Inclusão"
#PraCegoVer: Charge em preto e branco,
representando uma sala de aula, onde há pessoas sentadas, entre elas, há uma
pessoa com um x no ouvido e outra com óculos escuros. O professor de jaleco, a
frente da sala, de costas para turma e voltado para o quadro negro, tem uma
nuvem de diálogo acima da sua cabeça, na qual consta o texto: “A prova é
amanhã! Veja bem...ouça...olhe.” Acima das cabeças dos estudantes aparecem
vários pontos de interrogação e exclamação.
Os dados do Censo Escolar de 2014 indicam
que das quase novecentas mil pessoas com deficiência matriculadas na Educação
Básica, 79% estavam em turmas comuns. Enquanto no ano de 1998, das duzentas mil
pessoas matriculadas com deficiência, 13% estavam em classes comuns (BRASIL,
2015).
A
promulgação de leis como a Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL,
1988), da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), a Lei de
Inclusão (BRASIL, 2015), assegurando o direito à matrícula do público alvo da
educação especial na classe comum do ensino regular, sem dúvida favoreceram
para que se ampliasse o acesso desta população na escola comum. Todavia, temos
um desafio pela frente de garantir para além do acesso, qualidade na educação.
Para Capellini e
Rodrigues (2009, p. 335), inclusão:
É uma proposta de resistência contra a
exclusão social que, historicamente, vem afetando grupos minoritários e que é
caracterizada por movimentos sociais que visam à conquista do exercício do
direito de acesso a recursos e serviços da sociedade.
Sobretudo,
tratando-se do direito de acessibilidade, sabe-se que este deve ir além do
acesso arquitetônico, mas é preciso ser comunicacional, instrumental,
atitudinal e metodológico.
Como defendem Rocha e Miranda (2009, p.28):
(...) a consecução do processo de inclusão de todos os alunos na
escola básica ou na universidade não se efetua apenas por decretos ou mesmo
leis, pois requer uma mudança profunda na forma de encarar a questão e de
propor intervenções e medidas práticas com a finalidade de transpor as
barreiras que impedem ou restringem o acesso e permanência de pessoas com
deficiência.
Uma
dessas barreiras estaria vinculada ao fato de como,
“nos dias atuais, a inclusão vem sendo amplamente discutida e ressignificada”
(FARIAS; SANTOS; SILVA, 2009, p.42). Dentro desta perspectiva, entende-se que,
muito mais do que adequar o currículo, a escola deve possibilitar ao indivíduo
desenvolver autonomia.
Portanto, por meio de recursos, simples ou
complexos, torna-se possível trabalhar com toda a diversidade existente em sala
de aula. E ao tratar desta perspectiva, destaca-se o conceito de Desenho
Universal para Aprendizagem.
Segundo
a professora Izabel Pizarro Madureira (2016), os princípios do DUA envolvem proporcionar
múltiplos meios de envolvimento, representação, ação e expressão, dando assim
oportunidade para todos de participar e se envolver no processo de
ensino-aprendizagem. Pois, acredita-se, que todos podem e
têm potencial para aprender.
Logo
concluo que, ao refletir sobre acessibilidade e inclusão, especificamente, em
sala de aula, as adequações curriculares se tornam indissociáveis da discussão
e tornam-se cada vez mais relevantes para aquilo que se propôs a fazer, isto é,
incluir.
Referências:
BRASIL.
LEI Nº 13.146,
de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm
>. Acesso em: 10 de junho de 2016.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso
em: 20 nov.2015.
CAPELLINI,
V. L. F.; RODRIGUES, O. M. P. R. Concepções
de professores acerca dos fatores que dificultam o processo da educação
inclusiva. In: Revista Educação,
Porto Alegre, v. 32, n. 3, p. 355-364, set./dez. 2009.
FARIAS;
SANTOS; SILVA. Reflexões sobre a inclusão
linguística no contexto escolar. In: Educação
inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas/
DÍAS, F.; BORDAS, M; GALVÃO, N; MIRANDA, T. (orgs.); Salvador: EDUFBA, 2009,
p.39-48.
MADUREIRA, I. P. Desenho Universal para Aprendizagem e Educação Inclusiva. Palestra
proferida no dia 03 de Novembro de 2016 no Congresso Nacional de Educação
Especial (CBEE), na UFscar, São Carlos-SP.